terça-feira, 26 de junho de 2018

PREZADOS PAIS, MÃES, RESPONSÁVEIS, ALUNOS E ALUNAS, COMUNIDADE

A Educação Pública é um direito fundamental, garantido na Constituição Federal, nossa Lei Maior. Ocorre que em Minas Gerais, esse direito tem sido negligenciado pelo Governo do Estado, que tem atrasado verbas de manutenção das escolas, verba do transporte escolar, entre outras restrições, que acabam por impactar diretamente no ensino e consequentemente em nossos alunos e alunas. Não bastasse essa situação, nós os Trabalhadores da Educação da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, temos sido desprivilegiados e desrespeitados mês a mês, com uma política remuneratória de constantes atrasos e parcelamentos de salários, sendo atualmente a categoria de trabalhadores do Estado renegados a instabilidade de não saber “QUANDO” vamos receber; “QUANTO” vamos receber e; “COMO” vamos receber.

Mês a mês temos que nos desdobrar para tentar cumprir com nossos compromissos no provimento de nossos lares, das nossas necessidades básicas, como também, de nossas famílias, renegociando nossas dívidas e nos privando de bens e serviços que são direitos de todos os indivíduos para o bem viver. Vivemos na incerteza, sobressaltados com a expectativa de ter ou não nosso sustento e nesse último mês a situação se tornou ainda mais crítica, pois além de recebemos em escala de pagamento, em que os Servidores da Educação são divididos pelos valores de seus salários, ocorreram atrasos nas datas previstas e o recebimento foi ainda mais fracionado, tendo servidores ainda no aguardo de seus proventos. E para piorar ainda mais, os Servidores Aposentados tiveram os salários mais atrasados, tendo recebido uma simples parcela de R$ 500,00 (quinhentos reais), ficando até esta semana no aguardo da complementação de seus vencimentos. Entre esses profissionais – que escreveram sua história na Educação Mineira e muitos destes foram nossos professores –, estão pessoas idosas, com necessidades de saúde, de sobrevida e que não tem mais idade de viverem surpresas tão desagradáveis.

Cabe-nos também esclarecer que não são todos os Servidores Públicos de Minas Gerais que estão nessa situação. O Governo de Minas fez suas “escolhas” e definiu quais as categorias de Servidores deveriam receber seus salários regularmente e até mesmo com eventuais aumentos e nessas “escolhas”, ficamos nós, os Profissionais responsáveis pela formação escolar de nossas crianças, jovens e adultos, fora da prioridade do Governo. Critério este que fere o princípio básico da justiça salarial e isonomia entre os servidores públicos, nos dividindo em categorias não oficiais, que nos levam a vários questionamentos e a um sentimento forte de desvalorização do nosso trabalho e até mesmo, da Educação no Estado de Minas Gerais.

Nosso único recurso foi usar do nosso poder de luta através de movimento grevista, mas não gostamos de estar em greve, não ficamos felizes por não ir as escolas em que atuamos e muito nos preocupa sim e nos incomoda o fato dos alunos ficarem sem aula. Mas precisamos ser ouvidos, enxergados e respeitados como a Categoria de Trabalhadores que deveria ser a mais valorizada, pois a formação de todos os demais profissionais, dependem dos PROFESSORES. Precisamos ter condições de trabalhar sem a preocupação se vamos ou não receber, sem saber QUANDO, QUANTO e, COMO.

Você, trabalharia sem remuneração? Você, conseguiria fazer um bom trabalho sem saber como vai pagar suas contas e se vai ter condições de sustentar sua família? Você, trabalharia com a conta da farmácia atrasada, precisando de remédios pra você ou para pessoas de sua família? Você, conseguiria fazer um bom trabalho sabendo que seu empregador não valoriza seu trabalho? Se a resposta para essas questões for o NÃO, você já entendeu porque os Profissionais da Educação do Estado de Minas Gerais precisam fazer greve.

Por uma EDUCAÇÃO DE QUALIDADE; pela DIGNIDADE dos TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO; pelo RESPEITO aos APOSENTADOS; pelo nosso SUSTENTO e nossa SAÚDE FÍSICA e EMOCIONAL; pelas nossas CRIANÇAS e JOVENS e por uma SOCIEDADE JUSTA para TODOS; CONTAMOS COM SEU APOIO!!

Agradecemos,
Trabalhadores da Educação do Estado de Mina Gerais
Claudia Conte dos Anjos Lacerda
Professora de Educação Básica na Rede Estadual em Leopoldina

#SomosTodosProfessores #DireitoDeReceberNoQuintoDiaÚtil #DireitoTrabalhistaParaTodos #AposentadoMereceRespeito #NenhumDireitoAMenos #NãoAbandoneNossosAposentados #SomosTodosEducadores #QuemLutaEduca #GovernadorPagueNossoSalário

domingo, 17 de junho de 2018

QUERIDOS(AS) AMIGOS(AS) PROFESSORES(AS), COLEGAS DE TRABALHO


Creio que estamos vivendo um momento muito especial, que aponta para uma atitude coerente nossa, independente do que tenhamos que arcar posteriormente. Inclusive, a nossa coesão e união agora é o que vai garantir a força para o Sindicato negociar posteriormente as questões de reposição e/ou reparação quanto ao calendário escolar, da maneira que melhor nos atenda. Uma coisa é negociar a bem de uma determinada parcela de servidores, a outra coisa é negociar para uma Classe de Trabalhadores. Nos valorizar enquanto uma Categoria é fundamental para “sermos valorizados”.

Precisamos usar de nossa capacidade de crítica, fazendo uma leitura ampla da atual conjuntura em que nos encontramos, lembrando que somos nós, principalmente, os profissionais que trabalham com o pensamento, com o desenvolvimento deste pensamento crítico e isso nos coloca na condição de usarmos prioritariamente essa visão global do que ocorre hoje com nossa Classe de Trabalhadores e mais especificamente em Minas Gerais, Estado ao qual estamos vinculados como Trabalhadores da Educação.

Alguns de nós receberam uma PARCELA de seu pagamento na tarde da última sexta-feira, que nos leva a considerar quatro pontos relevantes:
  •        Deveríamos, por lei, receber no quinto dia útil – o que não acontece já há algum tempo;
  •        Não recebemos no dia em que o Estado divulgou as datas da chamada “Escala de Pagamento” (que passou a ser rotina em nosso Estado), ficando todos apreensivos mediante um comunicado de que não havia uma previsão para recebermos, pois o Governo pagaria na medida em que, segundo eles, entrasse recursos da arrecadação estadual;
  •        O Governo pagou outros servidores estaduais por um critério de prioridade estabelecido pelo próprio Governo, que segundo o mesmo precisa “fazer escolhas” e nessas escolhas priorizou categorias, como a dos servidores da Segurança Pública, que segundo o Governo tem desempenhado “um serviço de qualidade, apresentando excelentes números para o Estado” – tal afirmação contribui para desagregar os servidores estaduais, já que coloca um categoria de trabalho em situação de superioridade e excelência em detrimento de outras que passam a se sentir completamente desvalorizados, mesmo que tenham que tentar fazer o melhor de si em condições bem adversas, sem as devidas estruturas, em ambientes de trabalho sucateados, com verbas de manutenção atrasadas, entre outras restrições no Quadro de Pessoal, como é o caso da categoria dos Profissionais da Educação em MG;
  •        Além de atrasado, o Estado depositou somente parte do pagamento, deixando muitos servidores sem receber e renegou aos aposentados (chamados de inativos) uma condição ainda pior pois os mesmos só receberão na terça-feira, uma parcela ainda inferior a que parte de nós receberam na tarde da sexta-feira.

Refletindo sobre todas essas adversidades que temos enfrentado constantemente e considerando que já somos preteridos pelo Governo Estadual, não poderíamos também entre nós desprezar toda essa situação e também nos categorizarmos, limitando nosso olhar, centralizando os nossos interesses no pouco que recebemos, como se isso fosse a migalha do que merecemos e esquecendo dos demais servidores (ativos e inativos) que integram nossa Categoria. Não somos uma Categoria Profissional feita de uma parcela de servidores, somos uma Categoria que respeita o nosso percurso histórico, tudo que nos constituiu até aqui, feito pelos servidores que já se afastaram de suas ações diretas mas que escreveram a história das nossas escolas e da Educação em Minas Gerais (aqueles que o Governo chama de inativos). Somos sim uma GRANDE Categoria  de Profissionais, que carece de melhor se organizar em Classe Trabalhadora, valorizando o papel de cada um na construção de nossas ações junto a sociedade e nas escolas nas quais atuamos.

Fica aqui alguns questionamentos finais: A quem é mais interessante a nossa divisão entre os que recebem mais e menos, entre as parcelas pagas primeiro e depois? A quem é mais interessante a nossa fragmentação e divergências de ideias, de posturas, de ações? A quem é mais interessante o nosso olhar e ação individual em detrimento do olhar e ação coletiva? E uma última pergunta: Seremos nós a única categoria de trabalhadores do Governos Mineiro que temos que entender e sofrer com os problemas políticos da atual gestão, será sempre sobre nós as maiores consequências da apregoada herança do Estado falido e das supostas perseguições políticas???...

Termino minha reflexão com uma suposição que outrora pairou em meus pensamentos: supunha eu que um Governo que é eleito com a bandeira de um partido de base trabalhista que ostenta ideologias socialistas, teria como prioridade a grande massa de suas categorias trabalhadoras e valorizaria a Educação como sua principal política. Meu choque de realidade foi quando o atual Governo mineiro ao assumir, logo de início, ter beneficiado os Secretários de Estado com 45% de aumento, porque seus salários estavam congelados... Supus eu que o contrato social e político dos integrantes deste Governo poderia ter sido outro...

Tomara possamos entender que podemos tão somente contarmos uns com os outros...

Profª Claudia Conte
Leopoldina, MG