Em outubro de 2019 iniciei uma jornada muito significativa. Fui convidada pelo presidente do Partido dos Trabalhadores em Leopoldina, Alex Freitas, a integrar um projeto para as eleições municipais de 2020, em Leopoldina, MG, cidade em que resido. Com um grupo de pessoas que queriam muito pensar propostas para uma cidade melhor para o maior número de pessoas, formamos o Coletivo LeopoldinATIVA. Iniciamos com encontros presenciais, falando de nossos anseios e me posicionei como alguém que aceitou o desafio de ser candidata a Prefeita da Cidade por acreditar que estaria representando uma Coletividade, não seria a Claudia pela Claudia, por um desejo pessoal, mas seria a Claudia representando um grupo de pessoas, aberto a agregar todos mais que conosco quisessem caminhar. E assim a partir do nosso Coletivo nos organizamos, definimos os temas a serem trabalhados na construção do nosso Projeto para a Cidade.
Como princípios estabelecemos três pilares: PARTICIPAÇÃO, INCLUSÃO e EDUCAÇÃO. A PARTICIPAÇÃO representa a gestão democrática, nos princípios de representatividade
da comunidade, através das diversas instâncias de gestão participativa, como os
Conselhos e/ou Associações Comunitárias, demais associações civis
representativa dos diferentes segmentos, Organizações não Governamentais,
Clubes de Serviço, Sindicatos, Instituições de Ensino, entre outros. A
participação pressupõe o princípio da transparência na gestão, em que a
sociedade civil também atua como fiscalizadora da gestão dos recursos públicos.
A INCLUSÃO representa todas as políticas com foco na garantia de direitos a
todas as pessoas, sem distinção, é a garantia do princípio da Equidade e a
adoção do conceito do Igualitarismo, considerando que todas as pessoas tem os
mesmos direitos legalmente constituídos e para que estes sejam garantidos, há
de se cuidar das diferenças e promover as reparações e compensações sociais,
garantindo acesso de todas as pessoas às políticas públicas. Destaca-se aqui as
pautas relacionadas a Negritude, Mulher, LGBTQIA+, Periféricos, Pessoas com
Deficiência, Religiosidades, Juventude, Idosos, entre outros.
A EDUCAÇÃO
representa o fio condutor e troco que sustenta tudo mais, pois é pela Educação
que desenvolvemos as pessoas e promove-se condições de entendimento, de
participação ativa, de reconhecimento de direitos e deveres. Pensar numa cidade
Educadora é pensar em uma cidade que promove as pessoas, priorizando o
desenvolvimento de todas, pois só existe desenvolvimento quando as próprias pessoas
se desenvolvem, quando estas têm oportunidade de ampliar seus conhecimentos e
práticas, criando assim, possibilidades de intervenção na sociedade. A
capacidade de executar projetos e programas em uma gestão está diretamente
ligada a capacidade que as pessoas têm de entendimento destes, para a
manutenção e crescimento dos mesmos.
Com o foco nas pessoas e em uma cidade que tenha sustentabilidade para
as gerações futuras, pensamos em uma “Cidade do Bem Viver”, considerando a
Filosofia do Bem Viver, como agenda bioética para o século 21. O Bem Viver expressa a afirmação de
direitos e garantias sociais, econômicas e ambientais, em que todas as pessoas
têm igualmente o direito a uma vida decente que lhes assegure saúde,
alimentação, água limpa, oxigênio puro, moradia adequada, saneamento ambiental,
educação, trabalho, emprego, descanso e ócio, cultura física, vestuário,
aposentadoria, etc. De acordo com esse contexto, a economia deve se pautar por
uma convivência solidária, sem miséria, sem discriminações, garantindo um
mínimo de coisas necessárias para a sobrevivência digna de todos (GARRAFA,
2009).
Com a pandemia do Covid-19, nossos encontros passaram a ser virtuais. Criamos assim uma página no Facebook, para servir como sala, também como lugar de referência para o engajamento, divulgação dos encontros, compartilhamento dos formulários de pesquisa, que eram divulgados antes dos encontros para colhermos as ideias, opiniões sugestões nos diversos temas. Com esse movimento e mobilização, chegamos a envolver umas 400 pessoas em 15 encontros temáticos e mais alguns encontros com instituições e representações de classes. Foi uma experiência dinâmica, orgânica, que muito nos absorveu. É como se nos abastecêssemos de Leopoldina, com muitas informações sobre a cidade e muitas ideias... Cada uma das propostas foram pensadas com viabilidade, pois pensar um projeto de cidade é fundamentalmente pensar em uma projeto com possibilidades de ser executado.
Na jornada eleitoral, da pré-campanha fomos chegando na campanha, marcada pela largada no dia da Convenção Partidária que consolidou nossa chapa: eu, Claudia Conte (a professora que queria ser Prefeita) e Aristides Braz (o homem do campo, que se propôs a ser parte integrante do nosso projeto), juntamente com 7 mulheres candidatas a vereadoras; uma candidata e um candidato representando a população LGBTQIA+ e 13 homens candidatos - entre estas e estes, 6 negras e 5 negros.
E entramos na Campanha, seguindo a caminhada... Mas essa parte eu conto na próxima narrativa.