Os preocupados em achincalhar o nome de Paulo Freire, por imputar nele a culpa por fracassos na Educação, podem se poupar de tais atos, pois se tem uma coisa que não demos conta, que não soubemos valorizar, foram os ensinamentos e a ação pedagógica pautada num suposto Método Paulo Freire.
Se realmente tivéssemos incorporado o que tentou nos ensinar Paulo Freire, não estaríamos amargando o que agora vivenciamos no nosso país. Se tivéssemos entendido o que o renomado Educador, reconhecido internacionalmente, nos legou, hoje não teríamos tantas pessoas alienadas, com dificuldade de interpretar nosso percurso histórico e entender nossos constructos sociais. Desde a década de 1970, quando Freire nos brindou com duas fortes reflexões com o livro "Pedagogia do Oprimido" e "Educação como Prática da Liberdade", e esse movimento nos pareceu tão claro, tão óbvio diante da realidade que vivíamos, em momentos de repressão, ou seja, a Educação como o caminho e a possibilidade de nos libertarmos de modelos opressores e alienantes (Educação bancária, mecanicista). A fala de Paulo Freire iluminou nossos pensamentos, nos empolgou, mas podemos dizer que não emplacou, na dimensão que precisaríamos, pra garantir o desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária, que garantisse justiça social, inclusão e acesso a todas as pessoas, sem distinção.

Paulo Freire organizou as ideias no livro Pedagogia da Autonomia em três capítulos intitulados: (1) Não há docência sem discência; em que fala dos saberes demandados pela prática educativa em si mesma, ou seja, o que sabemos ser fundamental, básico na lida de um professor; (2) Ensinar não é transferir conhecimento; aqui Freire fala-nos da coerência entre teoria e prática, em que o "discurso sobre a Teoria deve ser o exemplo concreto, prático, da teoria, como sua encarnação", ao falarmos de construção de conhecimento, já precisamos estar envolvidos diretamente nessa construção; (3) Ensinar é uma especificidade humana. O texto, reafirma os saberes da docência, a necessidade da nossa organização enquanto profissionais da Educação, da busca pela competência técnica, de forma responsável, com a consciência que a tarefa do educador não pode ser na irresponsabilidade de fazer o "mais ou menos", ou agir no improviso, mas assumir o que ele destaca no capítulo 1, afirmando que "Ensinar exige rigorosidade metódica".
A ética do educador pressupõe essa busca dos saberes, a disposição do aprender, para se desenvolver tanto a competência técnica como a competência humana, acreditar nas possibilidades e agir. E para isso é fundamental a consciência de sociedade, de como as nossas relações se desenvolvem numa sociedade em que o oprimido ainda cede ao opressor. Enquanto convivemos passivamente com a extrema desigualdade social, não podemos dizer que somos "paulofreireanos", ou que assimilamos seus ensinamentos e os incorporamos em nossas práticas.
Felizes os que assumem e promovem a "Pedagogia da Autonomia" e não cedem aos processos de massificação. Estes já despertaram do sonho alienante de imputar culpa em que tem a solução.
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REFERÊNCIA:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2019 (69ª edição).
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1967.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
Imagens do Google

Felizes os que assumem e promovem a "Pedagogia da Autonomia" e não cedem aos processos de massificação. Estes já despertaram do sonho alienante de imputar culpa em que tem a solução.
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REFERÊNCIA:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2019 (69ª edição).
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1967.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
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2 comentários:
Inspiração este texto! Parabéns!
Obrigada prima!! Incomoda ver as pessoas falarem mal de Paulo Freire sem conhecê-lo
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