quarta-feira, 15 de abril de 2009

RETOMANDO AS REFLEXÕES

Fiquei um bom tempo sem postar. Passei por momentos bastante atribulados e algumas coisas fui deixando de lado, não definitivamente, mas adiando... Mesmo querendo manter a rotina, temos que reconhecer nossas condições e limitações e saber selecionar as prioridades da hora, nos organizar e reordenar nosso tempo.

Acredito que agora consigo retomar. Talvez com pouca frequencia ainda, mas pretendo estar presente.

Aproveitando o momento, volto a um tema que já apresentei aqui anteriormente. É sobre resultados de Avaliações Externas do processo educacional. No caso, os resultados do PROEB, avaliação da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, que avalia todos os alunos das Escolas Públicas (Estaduais e Municipais), do 5º ano do Ensino Fundamental (antiga 4ª série), 9º ano do Ensino Fundamental (antiga 8ª série), e o 3º ano do Ensino Médio. A avaliação ocorreu em novembro de 2008 e agora recentemente, recebemos os resultados. O PROEB avalia os finais das principais etapas da Educação Básica e seus resultados são apresentados considerando uma série de variáveis, com dados comparativos aos últimos anos, seja na média da proficiência dos alunos, seja no percentual de alunos com nível baixo, intermediário ou recomendável de desempenho na Língua Portuguesa e na Matemática.

Dizer que não houve melhoras, isso não podemos dizer, porque elas aconteceram, mesmo que timidamente. Algumas análises são interessantes de considerar. Já estamos avaliando, por exemplo, no caso do 5º ano, os alunos que iniciaram o Ensino Fundamental mais cedo, ou seja, ingressaram com seis anos de idade. Por esse motivo, acredito que esperávamos um resultado com uma maior diferença. Mas se levarmos em conta que a melhora considerável na nossa região, foi na Avaliação da Alfabetização em 2008, ou seja , nas turmas do 3º ano do Ensino Fundamental, que foram avaliadas em maio de 2008 e que levou a Superintendência Regional de Ensino de Leopoldina (com seus 10 Municípios), para o segundo lugar no Estado de Minas Gerais na Rede Estadual e quinto lugar na Rede Municipal, podemos esperar que essa melhora vá se refletir no PROEB de 2010, quando esses mesmos alunos serão avaliados já no 5º ano do Ensino Fundamental, quando estarão encerrando os anos iniciais de sua escolarização (para ver os resultados do SIMAVE - PROEB é só acessar o site da SEE/MG: www.educacao.mg.gov.br).

Mas de todos esses dados o que destaco com mais indagação, são os resultados do 3º ano do Ensino Médio. Mais um ano se passou e a sensação mais uma vez é de frustação. Diria até mesmo de ressaca, por sabermos que esses alunos em sua grande maioria não estão mais na Escola, conquistaram (?) a conclusão do Ensino Médio, que significa a conclusão da chamada Educação Básica, sem as competências básicas. Os resultados do PROEB demonstraram que em média, 60% à 70% dos alunos estavam com nível baixo de desempenho na Matemática, não chegando a 10% de alunos no nível recomendável; e na Língua Protuguesa, de 40% a 50% em média no nível baixo com uma média de 30%, no nível recomendável.
Se considerarmos que o nível recomendável, pelos parâmetros adotados pelo CAED, instituição que consolida e analisa os dados da avaliação externa, representa o mínimo de habilidades e competências consolidadas na etapa, podemos nos arriscar a dizer que lançamos no mercado um grande número de pessoas sem o domínio básico da sua própria língua e dos conceitos matemáticos básicos. Se levarmos essa análise para as possibilidades de acesso ao vestibular, aos resultados do ENEM (que possibilita o acesso a faculdades privadas através do PROUNI), a concursos públicos, ou seleção de emprego em empresas, a ressaca aumenda ainda mais.
Quais as opções e oportunidades que esses jovens estão tendo? Quais as chances reais de mercado de trabalho, ou de acesso a níveis superiores de ensino? Não estaríamos vivendo a inversão do princípio da igualdade e equidade, ou seja, o que deveria ser acessso e inclusão, sendo na verdade exclusão através da educação? Como reverter tal situação, que não tem apresentado melhora nos últimos tempos?
Professores reclamam que não conseguem fazer os alunos se interessarem pelas aulas; os alunos não demonstram interesse, mas continuam indo a escola; programas e projetos específicos foram criados pelo Governo Mineiro para o Ensino Médio e os frutos ainda são amargos... Estamos falando a mesma língua?
Será que nossa única esperança será o trabalho de base, que está se estabelecendo a partir da recuperação dos resultados na Alfabetização? Mas e o grande contingente que temos nos outros níveis na Escola? Até quantas gerações mais serão martirizadas em meio a essa grande confusão que criamos na Educação?
Pergundas são muitas e ainda não temos as devidas respostas. Hipotetizamos, fazemos algumas considerações, algumas suposições, atribuimos esse e aquele problema a essa ou aquela situação e assim vamos levando... Sem muitas certezas de concretização e reversão dos fatos, mas com a certeza da necesssidade de encontrarmos soluções reais e de que estas não sejam tão demoradas. A certeza de que não queremos mais o 'muro das lamentações', mas sim o caminho das conquistas, do acesso incondicional e sem distinção a todos.
Esse seria o apregoado País melhor, para um mundo melhor. Aí quem sabe, eu até conseguiria cantar com sentimento verdadeiro aquela musiquinha que me fizeram decorar, para cantar nas manhãs da Escola em que estudei o antigo Ensino Primário, logo após o Hino, no hasteamento diário das bandeiras: "(...)Do Brasil somos as crianças, do Brasil, somos a esperança! No futuro por sua grandeza, viveremos com riqueza (...)".