sábado, 29 de abril de 2017

ENTRE A COMODIDADE, A ALIENAÇÃO E A URGÊNCIA DO "FAZER"


Um século depois e ainda não entendemos isso. Não entendemos as relações entre capital e trabalho, não entendemos que a produção está na mão do trabalhador, que sem a produção os que se acham donos do capital não terão o capital. Consequentemente, se o trabalhador é o verdadeiro dono da produção também é dono do capital, com direito de usufruir deste pela sua própria força de trabalho e produção. Não entendemos que trabalhar e não poder usufruir da sua própria produção é um sistema perverso, de uma sociedade que oprime, que segrega, que exclui que desqualifica as pessoas em detrimento de uma minoria que muito pode ter e acumular, as custas da grande massa que cada vez menos tem.

A grande massa do povo brasileiro escolheu se calar e fechar os olhos (o que é um direito de cada um - sua própria escolha); escolheu entregar totalmente na mão dos senhores parlamentares as decisões quanto aos nossos destinos civis (parlamentares estes, na sua grande maioria, que comodamente esqueceram o lugar que deveriam ocupar e o papel que deveriam cumprir, em nome de um povo e de uma Nação e já há um bom tempo, exercem seus mandatos exclusivamente para atender interesses pessoais); escolheu aceitar uma Reforma de um Sistema de Previdência Social (que não precisava de reforma e sim de que os governantes promovessem uma gestão mais eficaz e eficiente dos recursos públicos e parassem de usurpar a Previdência, assim como fazem desde a década de 1990); escolheu se fragmentar, se diluir em desavenças partidárias, institucionais, em que o bem comum - que deveria ser o objetivo de todos - se perdeu, obscurecido pelas relativas verdades individuais, pelos egos exacerbados, pela animosidade das expectativas imprecisas, descarregadas entre as pessoas, transfigurando o que é relação social e institucional em relação pessoal.

Talvez seja essa a realidade a ser vivida no momento atual: abrir mão de direitos trabalhistas, consolidados ao longo dos anos; abrir mão de direitos outros, conquistados nos últimos anos as custas de muita mobilização de parte da população e de segmentos representativos da nossa sociedade; abrir mão de um satisfatório Sistema Previdenciário e trabalhar por mais tempo, até a idade mais avançada e ao final ainda aposentar com um salário menor, que talvez não garanta nossa condição e qualidade de vida na velhice, assumindo assim o pagamento de uma conta que não é nossa, mas que voluntariamente vamos pagar; abrir mão da nossa capacidade de decisão, de exercício participativo e democrático, de fiscalizar os poderes, de cobrar a reta ação dos nossos representantes nos poderes, de organização social.


Depois de abrirmos a mão e "soltarmos" tudo isso, se pelo menos nós conseguirmos "formar" uma geração mais consciente, ativa, solidária e fraterna, que assuma de forma sustentável sua própria história, sendo protagonista dela, TUDO BEM!!!!! Podemos ficar tranquilos...