quinta-feira, 19 de novembro de 2020

CAMPANHA ELEITORAL - O INÍCIO DA JORNADA

Em outubro de 2019 iniciei uma jornada muito significativa. Fui convidada pelo presidente do Partido dos Trabalhadores em Leopoldina, Alex Freitas, a integrar um projeto para as eleições municipais de 2020, em Leopoldina, MG, cidade em que resido. Com um grupo de pessoas que queriam muito pensar propostas para uma cidade melhor para o maior número de pessoas, formamos o Coletivo LeopoldinATIVA. Iniciamos com encontros presenciais, falando de nossos anseios e me posicionei como alguém que aceitou o desafio de ser candidata a Prefeita da Cidade por acreditar que estaria representando uma Coletividade, não seria a Claudia pela Claudia, por um desejo pessoal, mas seria a Claudia representando um grupo de pessoas, aberto a agregar todos mais que conosco quisessem caminhar. E assim a partir do nosso Coletivo nos organizamos, definimos os temas a serem trabalhados na construção do nosso Projeto para a Cidade.

Como princípios estabelecemos três pilares: PARTICIPAÇÃO, INCLUSÃO e EDUCAÇÃO. A PARTICIPAÇÃO representa a gestão democrática, nos princípios de representatividade da comunidade, através das diversas instâncias de gestão participativa, como os Conselhos e/ou Associações Comunitárias, demais associações civis representativa dos diferentes segmentos, Organizações não Governamentais, Clubes de Serviço, Sindicatos, Instituições de Ensino, entre outros. A participação pressupõe o princípio da transparência na gestão, em que a sociedade civil também atua como fiscalizadora da gestão dos recursos públicos. 

A INCLUSÃO representa todas as políticas com foco na garantia de direitos a todas as pessoas, sem distinção, é a garantia do princípio da Equidade e a adoção do conceito do Igualitarismo, considerando que todas as pessoas tem os mesmos direitos legalmente constituídos e para que estes sejam garantidos, há de se cuidar das diferenças e promover as reparações e compensações sociais, garantindo acesso de todas as pessoas às políticas públicas. Destaca-se aqui as pautas relacionadas a Negritude, Mulher, LGBTQIA+, Periféricos, Pessoas com Deficiência, Religiosidades, Juventude, Idosos, entre outros. 

A EDUCAÇÃO representa o fio condutor e troco que sustenta tudo mais, pois é pela Educação que desenvolvemos as pessoas e promove-se condições de entendimento, de participação ativa, de reconhecimento de direitos e deveres. Pensar numa cidade Educadora é pensar em uma cidade que promove as pessoas, priorizando o desenvolvimento de todas, pois só existe desenvolvimento quando as próprias pessoas se desenvolvem, quando estas têm oportunidade de ampliar seus conhecimentos e práticas, criando assim, possibilidades de intervenção na sociedade. A capacidade de executar projetos e programas em uma gestão está diretamente ligada a capacidade que as pessoas têm de entendimento destes, para a manutenção e crescimento dos mesmos.

Com o foco nas pessoas e em uma cidade que tenha sustentabilidade para as gerações futuras, pensamos em uma “Cidade do Bem Viver”, considerando a Filosofia do Bem Viver, como agenda bioética para o século 21. O Bem Viver expressa a afirmação de direitos e garantias sociais, econômicas e ambientais, em que todas as pessoas têm igualmente o direito a uma vida decente que lhes assegure saúde, alimentação, água limpa, oxigênio puro, moradia adequada, saneamento ambiental, educação, trabalho, emprego, descanso e ócio, cultura física, vestuário, aposentadoria, etc. De acordo com esse contexto, a economia deve se pautar por uma convivência solidária, sem miséria, sem discriminações, garantindo um mínimo de coisas necessárias para a sobrevivência digna de todos (GARRAFA, 2009).

Com a pandemia do Covid-19, nossos encontros passaram a ser virtuais. Criamos assim uma página no Facebook, para servir como sala, também como lugar de referência para o engajamento, divulgação dos encontros, compartilhamento dos formulários de pesquisa, que eram divulgados antes dos encontros para colhermos as ideias, opiniões sugestões nos diversos temas. Com esse movimento e mobilização, chegamos a envolver umas 400 pessoas em 15 encontros temáticos e mais alguns encontros com instituições e representações de classes. Foi uma experiência dinâmica, orgânica, que muito nos absorveu. É como se nos abastecêssemos de Leopoldina, com muitas informações sobre a cidade e muitas ideias... Cada uma das propostas foram pensadas com viabilidade, pois pensar um projeto de cidade é fundamentalmente pensar em uma projeto com possibilidades de ser executado. 

Na jornada eleitoral, da pré-campanha fomos chegando na campanha, marcada pela largada no dia da Convenção Partidária que consolidou nossa chapa: eu, Claudia Conte (a professora que queria ser Prefeita) e Aristides Braz (o homem do campo, que se propôs a ser parte integrante do nosso projeto), juntamente com 7 mulheres candidatas a vereadoras; uma candidata e um candidato representando a população LGBTQIA+ e 13 homens candidatos - entre estas e estes, 6 negras e 5 negros. 

E entramos na Campanha, seguindo a caminhada... Mas essa parte eu conto na próxima narrativa.


segunda-feira, 20 de abril de 2020

INDIGNAÇÃO CONVENIENTE DOS PODERES NO NOSSO PAÍS - VERDADES X OMISSÕES

Desde que o atual Presidente da República assumiu o governo, creio que nós já testemunhamos o suficiente para entender que tipo de pessoa ele é. Também já entendemos qual o tipo de política econômica, social, educacional, de infra-estrutura e desenvolvimento sua equipe parece querer implementar no país. O que ainda me causa interrogação é o que permeia a sua volta, os bastidores, os interesses que estão pairando ou se arrastando por debaixo dos tapetes dos demais poderes constituídos neste país.

Diante dos último acontecimentos no Brasil, é bom lembrarmos do que diz o Art. 78 da Constituição Federal, que estabelece: "O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão odo Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. (grifo nosso)

Sendo assim, quando alguém, que assume um Governo Federal, jurando cumprir e fazer cumprir a Carta Magna do país em que logrou o cargo de chefe do Executivo, mas se mostra opositor ao próprio dispositivo legal que tem que defender e garantir e ainda, faz publicamente, apologia ao que explicitamente é vedado na lei, contrário aos princípios constitucionais, por que os demais poderes constituídos, não assumem o que lhes compete e tomam as devidas atitudes? Ao contrário disso, representantes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal vão para as redes sociais e divulgam notas de indignação com as atitudes controversas do Sr Presidente. Mais do que uma anunciada indignação conveniente, precisamos de atitudes que garantam o bem comum, a recuperação de uma rotina nacional equilibrada, sem disputas vazias de ego e exploração do capital político, em detrimento da saúde, do bem estar social, da vida das pessoas.

O Art. 85 fala que é crime de responsabilidade o Presidente da República atentar contra a Constituição e destaca o atentado contra "o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação" (Inciso II) e "a segurança interna do País" (Inciso IV). E o que temos visto e sentido? Um ataque ostensivo contra os poderes legislativo e judiciário pelos "Adoradores do Mito" (apoiadores do presidente) e uma instabilidade dentro do país que nos faz pensar que estamos constantemente numa corda bamba. Contraditoriamente o Presidente, ao mesmo tempo em que tenta justificar a necessidade de foco nas questões econômicas, é um dos pivôs dessa instabilidade nacional com suas atitudes e falas, inclusive apoiando e fazendo parte das manifestações de seus apoiadores - como ter estabilidade econômica em um país que não para de balançar e em que os poderes não dialogam com o mínimo de responsabilidade republicana, com foco na coletividade?

E o Presidente agora nega sua irresponsabilidade e os outros Poderes se omitem... e a População, o Povo, como fica em meio a tudo isso?