Nesse sábado, dia 12 de maio, aconteceu na "Casa de Leitura Lya Botelho" em Leopoldina o evento “VARAL DE POEMAS”. Inspirado no trabalho do escritor e artista plástico Luiz Lopes e envolvendo alunos do 3º ao 7º ano do ensino fundamental das escolas estaduais, municipais e particulares do município, o projeto, que teve como objetivo o incentivo a leitura e escrita poética, proporcionou uma manhã muito especial.
Não são todos os dias que os ares matinais nos trazem envolventes palavras, sonoras rimas, imaginações flutuantes, juras de amor, poesia, poema, poesia... Varais repletos de vida, de arte, de cultura, de formação literária e não seria ousado dizer: de formação humana.
O mais interessante de um projeto como este, onde foi fundamental a vontade dos professores nesse ‘fazer’, é o visível interesse dos alunos pela poesia. Eles demonstram nos trabalhos o gosto por escrever, por soltar a imaginação, pela disposição do falar de si de forma tão espontânea e poética! E como foi bonito ver a gostosa agitação dos alunos procurando as poesias nos varais para mostrar aos pais e depois o brilho nos olhos na hora do anúncio da poesia classificada.
Porque ainda escutamos no meio escolar que as crianças não querem ler, ou que não gostam de escrever? Não é o que vemos em eventos e projetos como este. É fundamental entendermos o espaço que cada aprendizagem ocupa, os chamados múltiplos letramentos na diversidade de portadores de texto. Encontramos por vezes, alguns desavisados pessimistas, justificando o ‘não fazer’ pelo advento da internet, quando que, o letramento digital¹ é mais um desses múltiplos letramentos que nos rodeiam e a existência dele não anula o gênero poético, pelo contrário ajuda em muito sua produção e divulgação.
Sendo a educação um processo de produção humana, e sendo nós, seres essencialmente sensíveis as emoções que refletem nossa alma, no processo educativo, não podemos dispensar a poesia, enquanto produção artístico/literária, enquanto produção humana, no imprescindível desenvolvimento estético. Citando FREIRE (1996)², lembramos um de seus destaques no que ele considera como “formação docente verdadeira”:
"(...) exercício da criticidade (da curiosidade ingênua à epistemológica), o reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição, da boniteza e decência que estar no mundo, com o mundo e com os outros – ENSAIO ESTÉTICO E ÉTICO".
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¹XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Letramento Digital e Ensino. UFPE. Art. Disponível em: <http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf> . Acesso em: 21 nov. 2011.
²FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. Paz e Terra. 1996.