segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DESAFIOS E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO - POR UM PACTO DE AMOR

A realidade que se descortina diante de nós no Brasil, nossa “pátria mãe gentil”, nos leva a relacionar diretamente a palavra EDUCAÇÃO à palavra DESAFIO. Dificilmente pensamos em Educação em nosso país sem praticarmos inúmeros desafios.

Em especial, se focarmos em Minas Gerais, iniciamos o ano letivo de 2011 com o início de uma Gestão Estadual, que busca se estabelecer nas bases da experiência da continuidade de um modelo de gestão que vem se consolidando há oito anos, mas que agora tem o desafio de corresponder ao que foi construído como modelo administrativo de “ordem e progresso”, garantindo a sustentação do proposto ao mesmo tempo que precisa costurar uma roupagem de inovação e novidade. Situação esta, que não deixa de ser análoga no Governo Federal, com ressalvas em relação ao aspecto ideológico/filosófico. As análises e pesquisas educacionais vem nos mostrando que avanços ocorreram, mas não o suficiente pra dizermos que superamos nossa defasagem em relação a países outros que já encontraram o caminho, já fazem muito bem o “dever de casa”, onde os desafios são outros, por já estarem em outra etapa da interlocução. Mas e os nossos desafios?... Temos muito a superar, mas também sabemos que só superamos o que temos de forma clara diante de nós como desafio. Ou seja, o que realmente está a nos confrontar, a nos incomodar? O que realmente grita nos nossos ouvidos e salta a nossos olhos diariamente? Aprendemos a apregoar pelos quatro cantos “que nossa sociedade se perdeu nos valores, que está tudo invertido, que vivemos uma crise ética, que ninguém mais sabe educar as atuais gerações, que tiranizamos nossos filhos e somos tiranizados por eles, que só falamos em direitos mas não sabemos mais os deveres”. Reproduzimos constantemente os mesmos discursos e argumentações, mas e a nossa ação concreta diante de tantas teorias, explicações e lamentações?

Tenho ouvido que precisamos de um “Pacto Nacional pela Educação”. Serei repetitiva dizendo que para pactuar algo precisamos saber o que estamos pactuando e um pacto desses em tamanha dimensão só se realiza quando realmente fazemos do tema a prioridade nacional. Mas será que sabemos o que é prioridade, ou como priorizar algo. Só priorizamos o que tem importância pra nós, o que é relevante em nossa vida. Para fazermos da Educação a prioridade social, na dimensão de um Pacto Federativo, as pessoas precisam reconhecer sua relevância, sua real importância na engrenagem social. Mas não se convence os outros, quando os atores principais, os maestros perderam suas batutas na condução da grande orquestra educacional, a Escola. Se os agentes envolvidos diretamente no processo educacional não mais reconhecem sua relevância nesse grande cenário, ou se ocupam uma posição secundária, como vamos pactuar a “grande revolução social” através da educação. “Escola é lugar de colocar, de deixar lá os meninos e meninas, é lugar de alimentar, é lugar de passar o tempo, é lugar de encontrar amigos, é lugar de formar turmas, gangues, é lugar de passar o tempo e em meio a tudo mais, é lugar de aprender; aprender a ler, a escrever, a fazer contas, a compreender o próprio corpo, a valorizar o meio ambiente, é lugar de preparar para o futuro, para ser CIDADÃO”. Nossa! É tanta função! E a função primeira, ainda lembramos dela? Educação é formação humana e sendo formação humana, é relação humana, é o contato do meu eu com o eu do outro. Escola produz pessoas e essa produção vai além da exclusiva formação nos saberes acadêmicos. Vou ser insistente, pois o que vou falar aqui repito sempre que posso: nossa sociedade escolheu institucionalizar a formação humana. Sendo assim, não deveria ter instituição mais importante na sociedade do que a Educação institucionalmente estabelecida em todas as suas instâncias, na governamental, na administrativa e na escolar. Só assim teremos um pacto verdadeiro. Se almejamos uma sociedade com menos violência, onde prevaleça a dignidade humana, os valores morais, os princípios éticos, não é só incluindo conteúdos e disciplinas, mas será na qualidade das relações humanas estabelecidas e vivenciadas no cotidiano escolar e esse cotidiano está intimamente e diretamente influenciado pelo que alicerçamos como base para a Educação, com todo o aparato necessário para a prática se fazer.

Vou dizer algo que pode soar como romântico, utópico... Mas vou referenciar nosso Maior Mestre, quando disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida”, ao lembrar essa afirmação quero lembrar que a síntese dessa expressão divina é o AMOR e se a síntese da relação escolar é a relação humana, a sócio-interação entre as pessoas, a pedagogia que precisa prevalecer na relação educacional, é a “Pedagogia do Amor”, não como ação piegas camuflando o verdadeiro sentimento e sentido da relação, mas como busca verdadeira, de quem acredita que sem o sentimento amoroso em relação aqueles que estamos a formar, na produção dos seres humanos que vão continuar a escrever nossa história, tudo o mais é discurso, é movimento contínuo de braçadas no alto mar das mazelas sociais em que nos encontramos, é fazer sem concretude, sem legitimidade, é até mesmo uma ação antropofágica onde nós nos engolimos e na difícil digestão de nós mesmos ficamos exauridos, cansados ressacados, descrentes, perdidos em nós mesmos e acabamos por pactuar nossa própria incompetência na edificação humana.