domingo, 31 de março de 2019

64 FOI GOLPE SIM

Não tenho por hábito publicar qualquer coisa que seja em que o Sr presidente apareça, promovendo palanque para o mesmo, mas a notícia que ouvi agora, na fala do porta-voz da Presidência da República, anunciando que o presidente da república deseja que o golpe militar  de 1964 seja comemorado nos quartéis do país e que o mesmo não teria sido golpe e sim uma ação necessária para "salvar" o país de coisas muito pior, é por demais absurda, fora do contexto e afronta o próprio povo brasileiro, afronta todos os que lutaram, sofreram, que foram torturados, exilados, que choraram o desaparecimento dos seus... 

É um desrespeito à nossa Nação, à República Brasileira que no transcurso da nossa história vem construindo e reconstruindo a Democracia neste país. Dizer que o que aconteceu em 1964 não foi golpe e insinuar que se não tivesse ocorrido hoje o Brasil poderia ter tido um governo que não seria bom para o país, é uma fala tendenciosa, unilateral, que não condiz com a fala de um representante de uma Nação, que mais uma vez, fala por si, de forma pessoal, como se governar o Brasil fosse mandar no quintal da sua casa. Não assume o presidente o verdadeiro papel de um Chefe de Estado que tem que falar por todo o seu povo, respeitando as especificidades e o nosso percurso histórico. Lamentável. Está tudo tão inusitado que parece que estamos vivendo um delírio, um transe nacional... 

"É incompatível com o Estado Democrático de Direito festejar um golpe de Estado e um regime que adotou políticas de violações sistemáticas aos direitos humanos e cometeu crimes internacionais", diz  nota assinado pelos procuradores Deborah Duprat, Domingos Sávio da Silveira, Marlon Weichert e Eugênia Gonzaga, o documento afirma que a postura de Bolsonaro para que se comemore o golpe de 1964 nos quartéis é de "enorme gravidade constitucional" e "incompatível com o Estado Democrático de Direito" e que ele pode ser judicialmente reprimido; para o órgão, a atitude do presidente "soa como apologia à prática de atrocidades massivas e, portanto, merece repúdio social e político, sem prejuízo das repercussões jurídicas"
(...) Utilizar a estrutura pública para defender e celebrar crimes "atenta contra os mais básicos princípios da administração pública, o que pode caracterizar ato de improbidade administrativa, nos termos do artigo 11 da Lei n° 8.429, de 1992", destaca.

Se não houver da parcela da sociedade, que tem esclarecimento e discernimento em relação a gravidade de tal ato, uma ação efetiva, situações ainda mais graves e alarmantes, poderão acontecer. Nossa democracia está ferida, abalada; a onda de ódio propagada pela equipe que responde pelo país pode gerar precedentes descontrolados e podemos ser surpreendidos cada vez mais, com o aviltamento de nossos direitos mais fundamentais. É momento de rever nossas convicções e a forma como agimos em nossas ideologias. Momentos de exceção, especiais, requerem de nós ações também especiais, muito além do que já fizemos até aqui, precisamos abrir outros caminhos na forma de FAZER POLÍTICA, de viver e sobreviver nesse país...