quinta-feira, 9 de junho de 2016

Historiadores pela Democracia │ Volta dilma │ Fora Temer golpista

segunda-feira, 18 de abril de 2016

50 ANOS

Há exatos cinqüenta anos, também numa segunda-feira, em 18 de abril do ano de 1966 eu chegava a este mundo, nesta Terra, neste planeta, neste Tempo.

Nasci na efervescência dos anos 60 no Brasil, em meio a ditadura militar pós golpe de 64, num ano em que foi instituído, pelo Ato Institucional nº 3, as eleições indiretas para governador, vice-governador e a nomeação de prefeitos. Em 12 Estados, a ditadura sai vitoriosa. Em Minas Gerais, Estado em que resido, Israel Pinheiro tomava posse como governador e entrou para a história como pioneiro da indústria siderúrgica nacional. A UNE faz seu segundo Congresso na ilegalidade e na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, a PM invade a faculdade de Medicina e espanca os estudantes. Sai a condenação de 14 anos de prisão para Luis Carlos Prestes, líder do Partido Comunista Brasileiro. Artur da Costa e Silva, candidato da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) é eleito Presidente do Brasil, pelo Congresso Nacional, em eleição indireta, após ter sofrido um atentado a bomba em Recife, em que três morreram. São criados o INPS, o FGTS, a EMBRATUR, o IOF, entre outros e em dezembro, o Congresso, após a cassação de vários deputados e o recesso de um mês, é compelido a votar a “Constituição de Castelo”, ainda com Castelo Branco na presidência. Mas a oposição lança no Rio de Janeiro a Frente Ampla, antiditadura, unindo Lacerda, Juscelino e João Goulart e posteriormente, JK e Lacerda, lançam em Lisboa o Manifesto Oposicionista.
 
Um ano já bem agitado no Brasil pela pressão da ditadura, e toda a movimentação da oposição, que resistia e já sofria suas “baixas”, com corpos boiando nos rios, como o caso do corpo do sargento Manoel Raimundo Soares, preso pela ditadura no Rio Grande do Sul e que apareceu boiando com sinais de tortura no Rio Jacuí. Um mês depois o Marechal Amaury Kruel deixa o 2º Exército com manifesto de crítica ao regime militar. E dois anos depois, em 1968, chegamos ao fatídico Ato Institucional nº 5 (AI 5), em que os militares decretaram o recesso por tempo indeterminado do Congresso Nacional e assumem de vez todo o rigor, repressão e truculência de um regime militar ditatorial. E a palavra de ordem que se institucionaliza é o “CALE-SE”.

Esse foi o cenário da minha chegada ao Brasil, nascendo no Rio de Janeiro, pra morar na Rua Campinas, no Bairro do Grajaú, tendo como meus fiéis e dignos tutores, meu pai Jorge e minha mãe Maria José. Tive a minha formação básica na escola em meio as campanhas militares da década de 70, através da mídia principalmente, em que cantávamos: “Crianças somos do Brasil, vivemos sob um céu de anil, pinguinhos de gente valente (...) do Brasil somos as crianças, do Brasil somos a esperança (...), no futuro por sua grandeza, viveremos com riqueza”. Me lembra Affonso Romano de Sant’Anna (1980) no seu poema/ícone Que País é este?: “(...) Usei caderno ‘Avante’ – e desfilei de tênis para o ditador. Vinha de um ‘berço esplêndido’ para um ‘futuro radioso’ e éramos maiores em tudo – discursando rios e pretensão”.


Mas nesses cinquenta anos de história, fui agraciada com muitos encontros, com pessoas, idéias... Tive o privilégio de conviver com quem passou pelos porões da ditadura, com quem trazia consigo as marcas e a chama acesa da resistência, da luta pela liberdade, da livre expressão, da conquista pelo exercício político democrático, para um Estado pleno de Direitos, mesmo que em muitos momentos eu fosse meio que a mascote da turma. Mas pude viver, conviver e transitar em meio a esses movimentos e todas as experiências que a vida me proporcionou, tudo o que a Escola me legou, me oportunizaram a formação de um consciência crítica, humanitária e ética – experiência que acredito ter compartilhado com muitos de minha geração.

Hoje, 18 de abril de 2016, acordo com meus 50 anos – meio século de vida – experimentando algumas das angústias que no ano em que nasci, muitas pessoas experimentaram. Incertezas em relação ao futuro de nossa Nação, uma eleição indireta para presidente camuflada de defesa constitucional e a ditadura militar sendo calorosamente saudada como exemplo de conduta moral, ética, em defesa dos “bons costumes”, da família, tradição e pátria (TFP). Na sessão plenária de ontem, no Congresso Nacional, vi até mesmo deputados falando em nome dos ideais da Revolução Francesa, falaram em nome de tantos, de tanta coisa, que acho que não se lembraram de falar em nome de si mesmo. Percebi mais uma vez que nossos representantes no legislativo, em sua grande maioria, não se comprometem, se isentam de si se auto acobertando em meio a uma falácia sem fim. Se vivemos 50 anos pra chegarmos a esse momento, me parece que o caminho ainda será longo até o exercício pleno de uma democracia limpa, transparente, em que o interesse seja comum, ou seja, verdadeiramente o povo brasileiro, pois o que vivemos, são disputas pessoais, interesses pessoais, vaidades, disputas de poder, ganância financeira e muito despreparo intelectual, emocional e espiritual.
 
Mas gostei de conhecer um pouco mais dessas pessoas e sou grata por essa vivência, por “viver” essa história, que pra mim, se caracteriza por uma transição. Estamos juntos nesse trânsito, assim como está todo o nosso planeta. O que vai advir disso, só o Tempo nos dirá. Se a mim foi me reservado esse testemunho, agradeço e como boa aprendiz que sempre tentei ser, me coloco aberta a aprendizagem e a semeadura das boas sementes que eu for digna de cultivar.

domingo, 27 de março de 2016

ARREBATAMENTOS E ATITUDES

Somos facilmente levados por uma onda, tanto uma onda real no mar, nos rios, quanto numa onda virtual. É de se imaginar que a onda, para nos arrebatar, precisasse ser uma grande onda, mas as vezes o que nos leva é uma marola, ou seja, talvez não estejamos nos sustentando o suficiente para não nos fazermos levar, ou ainda, nem boiar conseguimos e acabamos por nos afundar num mar de crenças, num senso comum que pode não nos representar, pode não corresponder com a pessoa que realmente somos, com nossa essência, que em meio a tantas marés, estamos até desconhecendo.

Esse arrebatamento tem nos levado a lados opostos e extremos, polarizado, em que quem está de um lado é oponente de quem está do outro. As pessoas, naturalmente tem se digladiado, não no nível da discussão de idéias, de conceitos, concepções, mas em nível pessoal, como se a verdade que cada um assumiu como sua – o que não quer dizer necessariamente que seja – é a única e absoluta verdade a se considerar.

Em meio a este emaranhado de ditos, falácias, palavras de ordem podemos dizer que nossa maior crise é a “crise da verdade”. Ou talvez o questionamento que tenhamos que nos fazer seja: “O que é verdade pra nós?”; ou “Qual o nosso conceito de verdade?”; ou ainda: “A minha verdade é verdade para o outro, ou vice-versa?”. Esta reflexão se torna pertinente pra nós porque ouvimos muita coisa, é intenso o uso dos meios de comunicação de massa, as redes sociais, são muitas informações que nos leva a pensar que é muito fácil “falar” e são tantas vozes que o que está ficando cada vez mais difícil pra nós é o “escutar”. Escutar principalmente no sentido “do que escutamos”; “quem escutamos”; “quando escutamos”, entre outras interrogações nesse mar de falas, de palavras e, como estamos chegando no nosso limite do “escutar”, estamos precisando de filtros, precisamos educar a nossa capacidade de selecionar, de classificar, é quase que colocar em prática os conceitos Piagetianos básicos do lógico-matemático e como na pré-escola, exercitar a seriação, a classificação, a conservação, entre outros.

Mas não deveria ser simples pensar na verdade, já que verdade era pra ser verdade e pronto?! Mas aí temos nos deparado com a tal da relatividade e, junto com ela, a tal da conveniência. Mas outros poderiam dizer que se a verdade vem junto com a conveniência ela não deveria ser considerada como verdade, mas... como discriminar essa conveniência, como “ler” nas entrelinhas? Qual filtro vamos usar para fazermos essa classificação? Então teríamos nós tipos de escutas diferenciados para assim entendermos os diversos tipos de verdade? Se as pessoas falam por conveniência, usando da prerrogativa do relativismo, então nossa escuta não seria também uma escuta de conveniência?

Verdade, falas, conveniências, escutas e... a maré vai subindo e nós vamos perdendo nossa estabilidade, os pés vão saindo do chão, a correnteza vai nos empurrando ou nos puxando e, num lapso de tempo, nos vemos como que afogando, sufocando, vamos ficando sem oxigênio e a mente fica confusa, não conseguimos pensar e acabamos por nos deixar levar... até que um “salvador” nos resgate.

É bom então que observemos quantas boias estão disponíveis e quem são os que estão a segurar as boias, pois dependendo do que estiver posto a nossa volta, é melhor correr atrás de bons filtros de escuta e voltar a aprender e colocar em prática a relação dos conceitos lógico-matemáticos em nossas vidas, junto com as relações humanas que prescindem de direitos fundamentais para o exercício da cidadania se fazer em toda a sua concretude, numa sociedade plena de direitos, equitativa e igualitária.


[Imagens: Google Imagens]

quarta-feira, 9 de março de 2016

O DIA SEGUINTE AO "DIA INTERNACIONAL DA MULHER"

E passamos o dia 8 de março - "Dia Internacional da Mulher", com muitas mensagens, piadas, reportagens, algumas manifestações, enfim, movimentação. O dia se foi e a partir de hoje, como será? O que muda, ou melhor, alguma coisa muda? Sabemos da importância de datas representativas, que dão visibilidade a questões fundamentais de serem lembradas na nossa sociedade, que destacam pessoas com trajetórias de vida exemplares. Além da vitrine, o sentimento de valorização é outro ponto estratégico de se eleger no calendário dias como este. E se considerarmos o que as pesquisas e estatísticas sobre a situação da mulher na atualidade nos dizem, é significativa sim esta lembrança e os espaços de discussão que são criados a partir da data.

Mas junto a tudo isso, outro sentimento me incomoda, a sensação de diluição de todo essa movimentação; a possibilidade de ficar no tempo, de se transformar em simples lembrança as mensagens, os cumprimentos, as brincadeiras, as manifestações e tudo mais. E o que temos de concretude deste momento? Se é que é pra ter algo concreto, pois fico com a sensação de que vamos nos rendendo a essa movimentação fácil de se propagar pelas redes sociais e numa fluidez superficial, a essência se esvai...

Percebemos outros movimentos como promoções de Semana da Mulher, com programações de moda, palestras educativas, na saúde prevenção, lazer, entre outros. Momentos de valia na abertura de espaços mais representativos da identidade "mulher" na sociedade.

Mas e a partir de hoje, e na próxima semana? Quantos de nós temos a real dimensão do que representa o universo "ser mulher"? Podemos nos ater em muitas informações mundo afora se considerarmos as diferentes culturas e a história das diversas sociedades, mas se ficarmos com a realidade do Brasil, já temos muito a refletir. Podemos escolher por exemplo, o panorama da violência contra a mulher no Brasil. Informações como estas, leva-nos a olhar com outros olhos para as flores enviadas neste dia 8, em tantos cartões e mensagens. Não que elas não sejam bem vindas, pois diz-se popularmente: "Qual mulher não gosta de ganhar flores?" - as flores como o ícone da conquista masculina - um dos cartões que circulou ontem trazia a imagem do ator Richard Gere segurando uma rosa na iconográfica cena do filme Uma Linda Mulher - versão moderna da gata borralheira, no caso, da prostituta que consegue encontrar seu príncipe encantado, ou seja, 'salva' pelo homem que detém o poder econômico, que escolhe a parceira ideal, que de certa forma manda na própria escolha da mulher.

Olhando mais especificamente pra realidade brasileira, hoje o mapa da violência contra a mulher aponta um Brasil¹ em que 38,72% das mulheres brasileiras em situação de violência, sofrem diariamente com essa violência, sendo que 85,85% é violência domestica, segundo os registros dos dez primeiros meses de 2015 na Central de Atendimento a Mulher - "Ligue 180". Nas denúncias o maior percentual (49,82%) é de violência física, junto a 30,40% de violência psicológica que ainda divide o ranking com violência moral, patrimonial, sexual e cárcere privado. Nos dados de 2013, mais da metade (50,3%) dos 4.762 homicídios de mulheres, foram praticados por familiares, na sua maioria parceiros, ex parceiros - a cada sete feminicídio, quatro foi praticado por alguém que teve um vínculo afetivo com a vítima. É quase um castigo por amar. Fica forte em meio a esses números a representação da mulher como objeto, de desejo, manipulação, dominação e descarte do homem. Seria a manifestação da força viril como poder masculino ou o medo do homem em assumir uma pretensa fragilidade perante sua "opositora" de gênero, seria uma armadilha do ego, uma camuflagem na insistente representação do homem como o soldado do exército em defesa da masculinidade?

Pensando nessa representação masculina fica no ar um questionamento em relação a formação deste homem, as referências e influencias que o constituiu, já que a mulher tem uma representação preponderante nesta formação, uma vez que, enquanto mãe tem nessa trajetória a responsabilidade de educar este homem para o desempenho de seus papéis sociais. Por que então a mulher educaria o homem para fazer dele seu opressor, por que alimentaria esta distorcida e equivocada soberania masculina? Se os homens são responsáveis por não formar adequadamente seus pares, por alimentarem um imaginário machista e dominador, a mulher também tem uma parcela considerável na construção desta identidade. Assim, parece-nos que educar a mulher é quase que mais necessário e urgente do que qualquer outro movimento. Mesmo pensando nessa educação do homem, ainda está muito presente em nossa sociedade o legado da formação das pessoas na mão das mulheres e é a própria sociedade que se incumbe de também culpar e 'atirar as pedras' na mulher pela má educação. Não é comum ouvirmos entre os xingamentos a expressão "filho do pai". Os apontados como errados são os "filhos da mãe", ou ainda são "os filhos de uma cadela", ou "filhos de uma égua", ou "filhos da puta". Ouço quase que diariamente na escola, quando as crianças brigam, elas gritarem palavras ofensivas para a mãe do outro. 


Que fardo!!! Mas talvez fosse este um fardo imputado à mulher pela própria mulher, o que ela acostumou em colocar em suas costas, como que a reprodução automática da formação de um homem violento, que entende que se fazer valente perante as mulheres é sinal de sua macheza e que mulher, até mesmo a mãe do outro pode ser achincalhada. O que pensar então da formação desta mulher, que constrói a identidade de seu opressor e reproduz a subordinação da mulher, fazendo das 'meninas' figuras frágeis que  facilmente cedem a opressão masculina como se mendigassem pelo seu bem querer?

Temos que pensar a educação da mulher e despertá-la para seu papel na mudança social que queremos em relação a formação de gêneros. Temos que empoderar essa mulher para que ela assuma seu poder transformador. Esse é um movimento urgente mas para o fazermos temos que partir do reconhecimento da nossa identidade, de reconhecer nossa própria formação enquanto mulher e do que já deixamos de legado para os "homens de nossa vida". Como nos formamos? Quais são nossas concepções e como educamos nossos filhos? Questões fundamentais, imprescindíveis e urgentes. A roda precisa mudar seu curso... Que venha essa consciência, que venha esse reconhecimento e que venha o movimento, a ação para a formação
humana se fazer, pela essência humana, sem qualquer apelo ou muleta de gênero que nos leve a ilusão de que somos nós que moldamos o gênero do outro. Não somos de barro e sobre a carne e o osso reina uma mente absolutamente emocional e humana, que transcende o sexo.

¹ Fonte: http://www.compromissoeatitude.org.br/dados-nacionais-sobre-violencia-contra-a-mulher/ 
Imagens: Google Imagens

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

FINAL DE FESTA... FINAL DE CARNAVAL (SERÁ?)

E assim vamos chegando ao fim de mais um Carnaval. Será???

Pelo menos é o que está previsto no nosso calendário oficial e mesmo que existam resistências, oficialmente, o Carnaval se encerra nesta noite. Amanhecemos com a "Quarta-feira de Cinzas", data significativa do calendário cristão. O que nos leva a lembrar que nos despedimos da considerada "festa pagã" para nos prepararmos para a importante "festa cristã" - a Páscoa. O que não seria esta preparação se não um convite a introspecção, a penitências, privações, reflexões típicas do tempo da Quaresma cristã. Tudo tão providencial, ou seja, precisamos de uns quarenta dias pra nos purificarmos da alegria transbordante e até das inconsequências da festa pagã - o Carnaval, para estarmos aptos para o Tempo Pascal.

O calendário vai nos guiando... nos permite o estravazar entre as danças, as músicas, o samba e outros ritmos, as gargalhadas, as pessoas e depois nos coloca em silêncio, em profundo silêncio, para que o equilíbrio seja retomado, supondo assim, que depois da Páscoa, estejamos sãos, em mente e corpo. Será??

Não somos tão regulares assim, por mais que os padrões, formalismos e convenções religiosas e sociais nos tentam fazer ser. Vivemos em meio a sentidos relativizados pelas realidades que vivenciamos entre os tempos e acontecimentos aos quais somos platéia e ao mesmo tempo atores. O que dizer então deste momento? 

Terminamos um ano em meio a grandes conturbações e iniciamos com muitas incertezas, mas a capacidade do nosso povo de não perder o bom humor, ou seja, de "não perder a piada" (ou até mesmo a necessidade de sobreviver em meio ao caos) parece nos conduzir a buscas incessantes por "rotas de fuga". Assim, mesmo com dívidas, desemprego, incertezas, falta de médico nas emergências, falta de vagas nas creches, hospitais, violência nas ruas, nos lares, intolerância racial, religiosa, homofobia, corrupção, escândalos e... caímos no Carnaval!!! Nos rendemos ao Reinado do Momo! E muitas pessoas fazem destes dias sonhos em folia, é a "Ode à Ausência". É como se o país ficasse em suspensão nesses dias e às pessoas fosse permitido se ausentarem de si. Se ausentarem de seus problemas, suas dívidas, suas dores, tristezas, angustias, preocupações, se ausentarem dos problemas do país e até do mundo.

Mas como diz o dito popular: "tudo que é bom dura pouco", podemos emendar, lembrando Noel Rosa na composição Baile da Flor-de-lis, "acabou-se o que era doce, quem comeu arregalou-se (...)". E assim chegamos a quarta-feira, também reconhecida como o dia da ressaca de Carnaval. Há os que ainda com ironia, vão dizer que é quarta-feira de cinzas porque só restaram as cinzas depois de tanta folia esfuziante! E porque não aproveitar de outro compositor/poeta e lembrar Vinicius de Moraes quando falou pra nós de "Felicidade" dizendo "Tristeza não tem fim, felicidade sim (...) A gente trabalha o ano inteiro, por um momento de sonho, pra fazer a fantasia de rei ou de pirata ou jardineira, pra tudo se acabar na quarta-feira (...)". Será??

O que realmente se acaba na quarta-feira? O sonho, a ilusão ou a alegria? Se dissermos que a alegria caba, estamos assumindo uma depressão generalizada, numa sociedade que esquizofrenicamente sofreria de uma bipolaridade, passando de um extremo ao outro nos estágios do humor. Se dissermos que acaba o sonho, nos despediríamos de nossa capacidade de sonhar e de querer dias melhores. Se acaba a ilusão despertamos da ausência de si. Este é um despertar necessário, mas quantos assim o querem realmente? Estar ausente é um grande apelo de nossas sociedade atual, que busca subterfúgios diariamente, que faz aumentar o consumo de álcool, na cervejinha de praxe, na passadinha sagrada no botequim pra pinga com os amigos, no aumento das cracolândias, na engorda dos lucros farmacêuticos com o consumo de psicotrópicos, os "tarjas pretas", já tão banalizados e quase que incorporados na rotina da população.

Não seria então a quarta-feira no lugar de um fim, um começo, o despertar para o ano que realmente precisa começar, numa roda que precisa rodar, que não pode parar? Seria sim as portas se abrindo para o necessário despertar de nossa consciência, pra não perdermos o "trem da história", ou ainda, pra não corrermos o risco da "banda passar" e não chegarmos em tempo na praça, no coreto, na janela, na rua...

O ano precisa começar e nós precisamos caminhar adiante, mesmo que estejamos um tanto quando perdidos em meio as intempéries do caminho. Não precisamos abrir mão da alegria em toda sua intensidade, sem camuflagens ou muletas para parecer alegres. Se como dizem, cada momento é único, lembrando mais uma vez o "Poetinha":  "que seja infinito enquanto dure"...

E o que sobrou do Carnaval? Muito lixo pelas ruas é fato!

Talvez dores de cabeça para uns tantos (ressaca física e/ou moral), cansaço para outros, satisfação, desejo de quero mais, arrependimento, tristeza pra alguns, muitas histórias pra contar, energia pra outros, aborrecimentos, muitas e muitas emoções!!...

Mas com certeza, tem muitos já desejando que chegue logo a Semana Santa, pra não perder de vista as "rotas de fuga", e assim ganhar mais uns dias de cúmplice ausência...

Imagens: Google Imagens 

domingo, 7 de fevereiro de 2016

CARNAVAL - QUANDO A TRADIÇÃO FALA MAIS ALTO E A ANCESTRALIDADE SE DESTACA

Inaugurando as postagens do Blog no ano de 2016, destacamos nas festividades do Carnaval, a abertura em Recife, onde o religioso e o profano se fundem e prevalece tradicionalmente a ancestralidade, as raízes da cultura afro-brasileira. A sugestão fica por conta da reportagem a seguir:



Fonte: www.carnaval.uol.com.br