segunda-feira, 28 de junho de 2010

SOBRE CUIDADO, AMOR, UNIDADE, FÉ - EDUCAÇÃO

Nesta segunda-feira, dia vinte e oito, participei da inauguração de reforma e ampliação de duas escolas. Ambas do Município de Leopoldina, uma no Distrito de Tebas (EE Justiniano Fonseca), e outra no Distrito de Ribeiro Junqueira (EE Sebastião Medeiros). Mesmo que para alguns possa configurar como eventos organizados em tempo de cumprir as agendas políticas pré-período de campanha eleitoral, pra mim é sempre muito gratificante participar de inaugurações de reformas, ampliações, ou construções de Escolas.
É muito bom participar de ações que envolvem o desenvolvimento da Educação!
Tenho vivido ultimamente uma experiência que ecoa nos ouvidos como acordes dissonantes, para se resolver numa cadência de harmonia ímpar, que nos deixa uma sensação de alento, tentando nos preparar para uma nova sinfonia.
Fui na música buscar inspiração para falar da minha experiência em participar da criação de um Atendimento Escolar numa Unidade Prisional em Cataguases. Porque ao mesmo tempo que parece destoar, é reveladora de uma nova realidade, pois abre oportunidades as pessoas, abre nova dimensão, a perspectiva de um novo tempo. Quando digo que parece destoar, é porque estamos falando de um atendimento que acontece dentro de uma prisão onde muitos dos alunos são reconhecidos por nós professores como os que um dia já ocuparam as cadeiras de nossas escolas regulares. O que aconteceu nesse caminho? O que rompeu o fluxo, que deveria ter seguido naturalmente? É de certa forma, irônico ter que agora implantar atendimentos escolares em propostas de atendimentos carcerários, como se tivéssemos que só agora “dar conta” dos educandos que não se formaram nas nossas tradicionais escolas.
Continuo dizendo que é muito bom inaugurar escolas, mas melhor ainda é ter a certeza de que vamos proporcionar ao maior número de alunos, o desenvolvimento pleno, ou seja, como sujeitos dignos de si e do mundo em que convivem, pessoas inteiras de corpo, mente e alma.
Se é tão boa essa sensação de que, mesmo ainda contribuindo pouco, estamos fazendo algo pela Educação, porque não conseguimos agregar mais e mais parceiros nessa caminhada? Vejo nos meios de comunicação campanhas como: “Todos pela Educação”, tentando mobilizar as pessoas, fazer com que o maior número de pessoas na sociedade se sintam envolvidas e enxerguem a sua parcela de responsabilidade no desenvolvimento Educacional, na formação das crianças e jovens, mas não é o suficiente. A sociedade civil precisa sim se mobilizar, mas que seja uma mobilização consciente, com clareza, informação, com conhecimento da realidade a sua volta, das necessidades e especificidades da sua comunidade, de seus alunos e dos profissionais da educação. Muito ainda precisa ser feito para uma educação de qualidade. A discussão vai além das paredes, essa é só uma das necessidades: espaço físico adequado e com ela vem outras ações e necessidades e entre elas uma muito importante: profissionais qualificados e com boas condições de trabalho, com remuneração adequada a um mestre na arte de ensinar. Mas para termos bons mestres, precisamos de boas instituições formadoras e precisamos de uma seleção adequada desse profissional, considerando além de seus conhecimentos acadêmicos, suas condições psicológicas, sua competência humana – isso é básico no programa de seleção de recursos humanos de uma boa empresa, e porque não seria para escolhermos os profissionais que vão “produzir pessoas”?

Ultimamente digo que uma das palavras de ordem é “cuidar”. Nossa sociedade grita por cuidados. Precisamos cuidar das famílias (desagregadas, perdidas no seu papel de formação humana e primeiro alicerce educacional), cuidar das crianças (ameaçadas constantemente por tantos desencontros, egoísmos, vaidades, abusos, violência...), cuidas dos jovens (cada vez mais vulneráveis aos vícios, a drogas como o crak, cedendo ao desinteresse social, a ausência de valores), cuidar dos profissionais da educação (desacreditados, cansados, estressados, acumulando altos índices de absenteísmo e afastamentos por licença de saúde e que acabam por ceder lugar aos que não são verdadeiramente educadores e vão se enganando pela opção de ter um trabalho, um emprego), precisamos cuidar, cuidar, cuidar...
Mas só cuida, quem ama, então assim sendo, a palavra de ordem é AMOR. Não como sentimento piegas, chorado e declamado pelos artistas globais; mas o amor na sua essência mais pura e natural, do olhar para o outro com compreensão, com ternura, com compromisso, com responsabilidade, com compaixão, com tolerância, paciência. O amor que nos leva a nos colocar no lugar do outro, que nos faz descer do alto da nossa vaidade e egocentrismo. Eis o desafio, a UNIDADE, pois esse compromisso é de todos nós, inclusive dos legisladores, dos dirigentes, dos nossos governantes, para que se efetivem as ações que vão colocar a Educação realmente como prioridade, aparando todas as arestas e retirando todas as pedras do caminho.
Vou ficar a sonhar, fazendo do meu sonho uma crença e desta crença, minha profissão de fé. Principalmente porque a lição de um grande Mestre, ainda não aprendemos na sua totalidade, em todo o seu conteúdo; não vou dizer que estamos reprovados nessa lição, prefiro dizer que estamos no processo, na construção desse saber, dessa habilidade e competência. Chamamos esse Mestre de Jesus, o Cristo, e as palavras da lição se resumiam em: “ama a seu próximo como a si mesmo”. Como é difícil compreender a totalidade e os mínimos detalhes dessas palavras! Mas volto a afirmar que prefiro acreditar que estamos no caminho, tentando acertar, com tropeços, erros, desencontros, mas muitos “bons encontros” e “boas conquistas”...

Profª Claudia Conte dos Anjos Lacerda
Pedagoga, com formação na área de Música e
Especialização em Educação Inclusiva, atualmente
é Diretora Educacional na SRE-Leopoldina-SEE/MG