Creio que estamos vivendo um momento muito especial, que
aponta para uma atitude coerente nossa, independente do que tenhamos que arcar
posteriormente. Inclusive, a nossa coesão e união agora é o que vai garantir a
força para o Sindicato negociar posteriormente as questões de reposição e/ou
reparação quanto ao calendário escolar, da maneira que melhor nos atenda. Uma coisa
é negociar a bem de uma determinada parcela de servidores, a outra coisa é
negociar para uma Classe de Trabalhadores. Nos valorizar enquanto uma Categoria
é fundamental para “sermos valorizados”.
Precisamos usar de nossa capacidade de crítica, fazendo uma
leitura ampla da atual conjuntura em que nos encontramos, lembrando que somos
nós, principalmente, os profissionais que trabalham com o pensamento, com o
desenvolvimento deste pensamento crítico e isso nos coloca na condição de
usarmos prioritariamente essa visão global do que ocorre hoje com nossa Classe
de Trabalhadores e mais especificamente em Minas Gerais, Estado ao qual estamos
vinculados como Trabalhadores da Educação.
Alguns de nós receberam uma PARCELA de seu pagamento na
tarde da última sexta-feira, que nos leva a considerar quatro pontos relevantes:
- Deveríamos, por lei, receber no quinto dia útil – o que não acontece já há algum tempo;
- Não recebemos no dia em que o Estado divulgou as datas da chamada “Escala de Pagamento” (que passou a ser rotina em nosso Estado), ficando todos apreensivos mediante um comunicado de que não havia uma previsão para recebermos, pois o Governo pagaria na medida em que, segundo eles, entrasse recursos da arrecadação estadual;
- O Governo pagou outros servidores estaduais por um critério de prioridade estabelecido pelo próprio Governo, que segundo o mesmo precisa “fazer escolhas” e nessas escolhas priorizou categorias, como a dos servidores da Segurança Pública, que segundo o Governo tem desempenhado “um serviço de qualidade, apresentando excelentes números para o Estado” – tal afirmação contribui para desagregar os servidores estaduais, já que coloca um categoria de trabalho em situação de superioridade e excelência em detrimento de outras que passam a se sentir completamente desvalorizados, mesmo que tenham que tentar fazer o melhor de si em condições bem adversas, sem as devidas estruturas, em ambientes de trabalho sucateados, com verbas de manutenção atrasadas, entre outras restrições no Quadro de Pessoal, como é o caso da categoria dos Profissionais da Educação em MG;
- Além de atrasado, o Estado depositou somente parte do pagamento, deixando muitos servidores sem receber e renegou aos aposentados (chamados de inativos) uma condição ainda pior pois os mesmos só receberão na terça-feira, uma parcela ainda inferior a que parte de nós receberam na tarde da sexta-feira.
Refletindo sobre todas essas adversidades que temos
enfrentado constantemente e considerando que já somos preteridos pelo Governo
Estadual, não poderíamos também entre nós desprezar toda essa situação e também
nos categorizarmos, limitando nosso olhar, centralizando os nossos interesses
no pouco que recebemos, como se isso fosse a migalha do que merecemos e
esquecendo dos demais servidores (ativos e inativos) que integram nossa
Categoria. Não somos uma Categoria Profissional feita de uma parcela de
servidores, somos uma Categoria que respeita o nosso percurso histórico, tudo
que nos constituiu até aqui, feito pelos servidores que já se afastaram de suas
ações diretas mas que escreveram a história das nossas escolas e da Educação em
Minas Gerais (aqueles que o Governo chama de inativos). Somos sim uma GRANDE
Categoria de Profissionais, que carece
de melhor se organizar em Classe Trabalhadora, valorizando o papel de cada um
na construção de nossas ações junto a sociedade e nas escolas nas quais
atuamos.
Fica aqui alguns questionamentos finais: A quem é mais
interessante a nossa divisão entre os que recebem mais e menos, entre as
parcelas pagas primeiro e depois? A quem é mais interessante a nossa fragmentação
e divergências de ideias, de posturas, de ações? A quem é mais interessante o
nosso olhar e ação individual em detrimento do olhar e ação coletiva? E uma
última pergunta: Seremos nós a única categoria de trabalhadores do Governos
Mineiro que temos que entender e sofrer com os problemas políticos da atual
gestão, será sempre sobre nós as maiores consequências da apregoada herança do
Estado falido e das supostas perseguições políticas???...
Termino minha reflexão com uma suposição que outrora pairou
em meus pensamentos: supunha eu que um Governo que é eleito com a bandeira de
um partido de base trabalhista que ostenta ideologias socialistas, teria como
prioridade a grande massa de suas categorias trabalhadoras e valorizaria a
Educação como sua principal política. Meu choque de realidade foi quando o
atual Governo mineiro ao assumir, logo de início, ter beneficiado os
Secretários de Estado com 45% de aumento, porque seus salários estavam
congelados... Supus eu que o contrato social e político dos integrantes deste
Governo poderia ter sido outro...
Tomara possamos entender que podemos tão somente contarmos
uns com os outros...
Profª Claudia Conte
Leopoldina, MG
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